Esta história aconteceu em Macaé-RJ, Voltamos de uma festa por volta de 01h20min da
madrugada, minha mulher dormia no banco de traz quando um outro veículo
colidiu violentamente com o qual eu dirigia, arremessando-o a uns 10
metros matando minha esposa na hora e ferindo o meu filho que foi
arremessado do carro e quebrou o fêmur e como conseqüência ficou
internado num hospital por vários dias e eu fiquei como acompanhante
dele. Depois de uns 10 dias ainda no hospital, eu tive um sonho; sonhei
que três homens estavam me levando para me encontrar com uma pessoa que
ao mesmo tempo sabia e não sabia quem era. Ao chagar no local onde
ocorreria este encontro eu reconheci o lugar em que ocorreu o acidente,
embora parecesse diferente como se fossem alguns anos pra frente.
Parecia que havia um tipo de teatro ou cinema e havia uma fila de gente
aguardando para entrar. Neste momento eu vi uma mulher com um vestido
branco, longo e simples chegando, acompanhada de dois homens também
vestidos de branco e embora fosse diferente eu reconheci nela a minha
falecida mulher e fiquei um pouco confuso. Ela chegou perto de mim,
sorriu e disse “oi”, eu respondi e disse que ela estava muito bonita.
Ela respondeu que tinha um médico muito bom que estava cuidando dela.
Neste momento, eu vi que ela havia quebrado três dentes o lado esquerdo e
comentei: puxa os seus dentes quebraram. Ela me respondeu que não tinha
problema, pois o médico que cuidava dela iria arrumar mais tarde. Então
ela me perguntou sobre o nosso filho, como ele estava e eu respondi que
estava bem, que só havia quebrado a perna, mas que ia ficar bem. Ela me
perguntou com um tom de zombaria: você não vai mais trocar de roupa
não? Só então eu percebi que usava a mesma roupa do acidente e respondi:
ah, você sabe que eu gosto desta roupa. Ela me perguntou se na hora do
acidente eu estava correndo e eu respondi que não; que estava parado no
sinal, aguardando para cruzar a pista quando o outro carro nos atingiu.
Ela disse que acreditava em mim e que agora ela tinha que ir e eu tentei
impedir. Neste momento eu percebi que não conseguia me mexer; tentei
falar e não conseguia; fiquei ali, parado sem poder fazer nada vendo a
mulher que amava indo embora e com a sensação de que ainda havia muita
coisa a dizer.
Alguns dias depois, ainda no hospital com o meu filho, sem ter muita
coisa pra fazer pra passar o tempo, pedi a assistente social do hospital
pra conseguir alguns livros, pois eu sou um ávido leitor e ela me
emprestou um livro espírita chamado “Janela da Alma” que conta uma
história sobre almas de pessoas que morrem e que quando chegam do “outro
lado”, ou por motivo de não aceitarem a sua nova condição (morto) ou
sua morte ter sido violenta e por falta de experiências “extra
corpóreas”, acreditavam que os ferimentos do seu corpo físico se
manifestam também no mundo espiritual, necessitando assim de uma espécie
de tratamento “médico”, onde os espíritos mais experientes ajudavam a
passar por esta transição.
Depois de ler este livro, eu aceitei melhor a morte da minha esposa,
apesar de não ser espírita, o sonho que tive e a estória deste livro me
deu um conforto que eu não conseguia explicar.
II
Quando meu filho teve alta voltamos pra casa e ele estava engessado da
cintura pra baixo em ambas as pernas e dependia o tempo todo de mim;
então ele dormia no meu quarto e ficávamos assistindo desenhos até a
madrugada. Uma noite, já por voltas das 3 da manhã, falei com meu filho
que iria dormir, mas ele podia ficar acordado mais um pouco assistindo
TV e qualquer coisa que ele quisesse era só me chamar. Então sonhei
novamente um sonho entranho: Sonhei que dentro do quarto havia uma
criança, uma menina, andando em um velotrol de um lado para o outro do
quarto, ela ia até a extremidade do quarto e voltava, passando pelo lado
da cama, o tempo todo olhando para o meu rosto e embora eu a visse
nitidamente, não conseguia distinguir o rosto dela. Sabe aquela sensação
de não saber se está sonhando ou acordado? Pois é, foi assim que me
senti naquela hora. Eu tentei de tudo: falar me mexer e por mais esforço
que fizesse, não conseguia esboçar a menor reação. Então, fazendo um
esforço que me pareceu sobre-humano, eu consegui falar: filho, me
acorde. Então eu senti meu filho me balançar e ouvi ele me chamar, então
eu acordei e pra disfarçar o medo e o nervosismo eu falei para meu
filho: que foi filho, eu to cansado. Meu filho me respondeu: papai, eu
vi uma sombra passando aqui no quarto. Eu respondi: como assim, uma
sombra? Ele me explicou que ficava passando pela cama de um lado para o
outro assim como a criança que eu vi no meu sonho. Não preciso nem dizer
que perdi o sono e passei o resto da noite acordado vendo desenhos com o
meu filho.
III
Depois de algum tempo, resolvi voltar pra minha casa em que eu morei
com minha esposa depois que casamos. A casa precisava de algumas
reformas e eu comecei a obra com meu irmão e dois amigos. Durante a
semana nos trabalhávamos na reforma e o fim de semana saiamos, pois
afinal de contas eu precisava de uma pessoa pra me ajudar na criação do
meu filho, e ele sempre me cobrava que eu arranjasse outra mãe pra ele.
Eu tinha voltado a namorar uma antiga namorada e certa noite combinamos
de sair. Fomos a uma discoteca com alguns amigos e depois eu a convidei
pra terminar a noite na minha casa. Ela aceitou e depois de nos
despedirmos de todos fomos até a minha casa. No momento em que ela pôs o
pé dentro de casa, aconteceu algo absurdo: o meu som que por causa da
bagunça da reforma estava na cozinha ligou no volume máximo. Imaginem o
susto que levamos. Desconfiado eu fui até o radio e o desliguei. No
quarto, na hora em que ela sentou-se na cama, outra coisa inusitada
aconteceu: a exemplo do radio, a TV resolveu ligar sozinha também, e com
um sorriso meio sem graça, eu a desliguei. Pouco depois, quando já
estávamos mais “à vontade”, a TV novamente ligou em seu volume máximo.
Eu desliguei com o controle remoto e puxei o plugue da tomada enquanto
falava com a garota “se essa porcaria ligar de novo não repara não, mas
vou sair correndo”.
Que cada um tire suas próprias conclusões, pois eu depois de muito
pensar sobre isso, já tenho a minha teoria e passado três anos do
acontecido, não houve mais nada de estranho.
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